MALDIÇÃO

Por que o ácido não corrói até o incesto?

Por que sangra e não higieniza a tez?

Talvez peça; suponha, vomite.

Ora, eu!

Ingênuo e absorto

Com fantasmas dilacerados entre os dentes

É inverno na mente do poeta

O pascigo clama por esterco – na vida há tanto!

Suporá o pranto, desgastado e fútil

Porque inútil é a vida

Bainha de inverdades circundadas por cânceres hipócritas

Vida mesquinha, cidra enrosca

Nas nádegas dos sôfregos andantes.

Serei linha a me enforcar na aurora

Ó aurora! A ruborizada outrora

Que não me trouxe a décima dose

Nem primou por jogar geléia no pão amanhecido.

Outra vez, viro-me ao lado cego – ao circo

Mais cruel e imodesto, como pipoqueiro e galocha

A humanidade de olho no olho do vulcão

Eu aqui – o senão não segue – desabrochado.

Contudo, a ida dum morto em caleche vaga

Sangra, rosna e, putrefato, remexe

O corpo quente no antro novo da odisséia crua

[noivo da onomatopéia à grua]

À ojeriza tua!

Droga de vida!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 24/10/2008
Reeditado em 24/10/2008
Código do texto: T1246658
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