Hoje, o canto dos pássaros, na verdade

Pode ecoar mais alegre ou triste.

E da paisagem a cor, se diferenciar com o palpite.

Acentuando em mim, a complexa camada de ilusão.

Onde o sentimento sentido sente assim o peso do sentir.

Matando minha forma clássica de emoção

Antes da chegada do último degrau da sanidade.

Porque entre extremos vivo, e ausentando-se o equilíbrio:

Resta-me unicamente a indiferente sensação de existir.

Vagar no limbo atônito do limo das aparências,

Viver para olhar a decrepitude humana.

Estar aqui e testemunhar a decadência

Que emana firme perante meus olhos.

E assim fazer estímulo com o resíduo.

Então adubar esta empobrecida terra,

Solo rebelde e inconstante que guarda o juízo

No extremo canto de uma esfera.

Para que a alegria possa enfim florescer.

Abrir novamente um ciclo.

Fazer poesia,

Ir até onde a esperança dorme.

No esplendoroso sorriso de um amanhecer.

 

.

 

 

Gerson F Filho
Enviado por Gerson F Filho em 26/10/2008
Código do texto: T1249263