VERSOS VULGARES.

Nós, novamente, entrelaçados...

Tu, tua poesia alquebrada, e eu.

Falas de amores e os rima com dores;

Dizes de sonhos e te olvidas da realidade!

Ah, poeta, meu caro poeta,

Em teu solitário entusiasmo sentimental

Tens esquecido do leme da própria vida e de rimá-la,

Em suas nuanças multicores, assim, vives à deriva!

Derrama-te poeta,

Em prosa e em versos, conta da alma e do coração.

Recorda, todavia, que nalguns instantes se faz necessário, esquecer;

Das rimas e refrões que derivam da ingratidão e se transformam em versos vulgares.

Caríssimo,

Observa os jacarandás, florescem e se despejam; ornando caminhos,

Sob calcares imaturos de desfazimento, não obstante, estendem-se,

garbosos, e pelo chão, viçosos tapetes a colorir a rota do caminheiro não afeto as suas flores!

Ah, amante louco, lírico,

Que diz não rimar e nem cantar como os Poetas, cantam e rimam;

Que verseja, simples, como sabe e que se entrega, inteiro, em profissão de fé, à inspiração...

Reconquista o timão da tua vida,

Lembra-te, ninguém nasceu para sofrer.

Mira, os floridos jacarandás...

E torna tuas rimas doravante, coloridas.

E teus versos consoantes à uma nova floração!

Poeta,

Poetas não são menos Poeta,

Ainda que rimem somente o amor com a dor;

Espelha-te na águia mesmo ferida não deixa de ser águia,

Bem o sabes, pedaço de mim!

Cláudia Célia Lima do Nascimento
Enviado por Cláudia Célia Lima do Nascimento em 28/10/2008
Reeditado em 28/10/2008
Código do texto: T1252628
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