Destroços da Alma
Hoje não tem palavras, não tem gestos,
Não tem sentido, nexo em nada.
Hoje não tem espaço, faço e desfaço.
Não, não tem abrigo, não tem lugar
Nem tem amigo pra salvar.
Houve explosão das revoltas contidas,
Ambição e desamor desmedido
No Palco armado em Santo André,
Uma consciência torpe, degenerada.
Sentimentos atropelados nas ações;
Começo da sorte repulsiva
Agora o tempo passa e esmaga a vida.
Foi o caco de vidro que marejou os olhos,
Foi as mãos que encheu de bala o revólver do destino;
Foi a falta de terra, de governo, de amor,
De país e de memórias.
Cavou-se um buraco na história,
Saíste por aí atirando pra todo lado
E o último tiro pegou no reliquário
Das mãos do outro o teu carimbo.
O balaço atropelou a cria
Elô já não existia, faltou folêgo, loou os dias.
Não tem mais vez nesse ato cênico
No mira bala, balaço, aço no ar
Sangrando o pano de fundo do palco abstrato.
Matou por engano perdido no passo, no ato.
Ar prostituído do teu respirar de artifício
Do teu ser decrépito, atrevido, apático
De tudo que és e que o tempo arrastou,
Trouxe para debaixo do tapete, castrou-se.
Teus modos insanos, covardes e (des)humanas
Na complexidade alheia escrita nas teorias
Patogênicas de Freud, se isola no vácuo solitário
Do teu psique deturpado por um mundo
Selvagem, ambicioso na ausência do teu medo,
Das tuas angústias, das nóias, da morta.
Não toque o apito da volta,
Não se esfacele mais
Trabalha, acredita, muda a rota
O estado somos, o governo somos
O que você tinha na cabeça?
A consciência desperta, o flagrante estala
Da cria revolta espaço do outro atrevido,
Você se perdendo cem motivos, sem motivos.
Zera tudo e retoma a linha sem revoltas
Que a bala do outro abra um orifício,
Diante da tua filha morta,
Na tua consciência criminosa
Faz a história do outro lado da linha,
Diante da tua sombra no chão recria.