OUTONO FRAGMENTOS DE LUZ

Nadir Silveira Dias

Ele está chegando! Logo, logo estará quase-pleno o outono!

Um pouco antes, porém, a partir do mês de janeiro, as árvores floríferas já inundavam a minha avenida de vermelhos e laranjas fortes das flores (tulipas-africanas ou sejagãs) das espatódeas, ou bisnagueiras, ou árvores-das-bisnagas, (spathodea campanulata, da família das Bignoniaceae).

De roxos célticos das quaresmeiras (tibouchina granulosa, da família das Melastomataceae).

De amarelo vivo a amarelo matizado claro de inflorescências em forma de cachos cilíndricos pendentes de acácias, “chuva-de-ouro”, (cassia fistula, da família das Leguminosae caesalpinaceae), e variados tons de branco à rosa das extremosas, escumilhas, resedá, (lagerstroemia indica L., ou lagerstroemia chinensis, da família das Litráceas) e outros tantos vermelhos, brancos, grenás e violáceos, das três-marias, ou primaveras, as buganvílias (bougainvillea glabra, da família das Nictagináceas).

Os jacarandás (jacaranda mimosaefolia, da família das Bignoniáceas), os ipês, roxos (tabebuia impetiginosa) e amarelos (tabebuia chryssotricha, da família das Bignoniáceas), e os flambuaiãs (flamboyant, delonix regia, da família das Leguminosae caesalpinaceae), espécime originário da África, Madagascar e Ilhas do Oceano Índico, presentes nas Antilhas desde o século XVII e no Brasil desde 1822, e bem adaptados no Sul, todos eles esperam para florir de novo.

Um pouco menos próximos, os álamos, os plátanos, ah (!), os plátanos, eles nos falam de um tempo que nós humanos não conseguimos alcançar.

FRAGMENTOS

Era outono, fins de abril

Dos plátanos, seres de mil anos,

Caem as primeiras folhas.

E ao chão, amarelecidas,

Criam um encanto especial.

Aos sete mil, quatrocentos e noventa

E oito anos da Era Alexandrina,

Duzentos e oito anos do calendário positivista

De Augusto Comte (a Revolução Francesa),

Trinta e cinco anos da primeira

Viagem ao Cosmos,

No mármore,

Juparaná, tampo de mesa,

Minha mão esquerda

Sobre a tua mão direita

E logo depois ...

A tua sobre a minha mão.

Que carinho ...! Alma enlevada,

Espírito vibrante, emoção ...!

Por outro pensamento, talvez,

Logo quebraste a magia.

Retiraste da minha

A tua mão.

Fugaz momento que registro,

Querendo prendê-lo para sempre

Amor (que afinal não chegaste a ser)

E que agora sei ... jamais serás!

Era outono ...

Os plátanos, ah (!), os plátanos (mil anos), os álamos (dois mil anos), eles nos falam de um tempo que nós humanos não conseguimos alcançar!

Passado remoto, futuro remoto, tanto faz! A contemporaneidade, no entanto, dessa muito bem podemos desfrutar!

Para isso, o tempo é agora, fruir é preciso. Aproveite, usufrua, seja feliz!

Escritor e Poeta – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 20/03/2006
Reeditado em 03/04/2006
Código do texto: T125770
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