Manhã Romântica

" A mim basta-me sentir."

Carlos Frazão

Haverá a luz para dispersar o dia, sempre a aurora cavalgando nas estradas da abertura: a manhã entendesse a metafísica de uma história profunda. As aves do tempo onde pensei decifrar as palavras nos teus lábios. Onde? Nas ondas da beleza dunar os olhos clandestinos perseguem a cicatriz da solidão, não vieste pelo verniz da noite – mesmo breve – tocar nos dedos da sombra, sentir o mármore frio da pele exposta. Aqui, eis o mar sem ti, o assomo estrelar pelos filamentos da névoa, ninguém exprime a viagem íntima do voo da alma. Eis o mar vivido, os navios longínquos no cais do sangue, me afloram as veias num espelho aéreo onde te vejo, te beijo, eis o mar de velas sentidas na boca intacta. Porquê? Porque é assim que as imagens correm, inventadas na respiração de frases, um friso na garganta como água. Ou o nome num filtro do silêncio. Haverá a luz azul para dispersar o dia, consumi-lo em versos de sala e uma outra aurora. Até quando?