A loucura

Posso "ser-me" desiquilibrado

de sentimento, doido varrido da

cabeça aos pés, sem corpo,

sem alma, desaguçado.

O que sou? Como posso saber

se não sei se penso? Não

sei se escrevo? Não sei ao

que pertenso ou ao que almejo.

"Sou-me" uma farsa, mentira,

concreta e firme, obra fulgurada

tão poeta tão sublime onde o

conhecimento não sabe.

Sou uma loucura poética,

uma razão irracional, devaneio

do poeta, e a que se semeia em

corredores sufocados de hamônia.

Não me podem dizer que isso

é um blefe se não penso,

logo não existo, se penso,

não tenho razão.