O SAPO

À beira da estreita rua de terra umedecida pela chuva torrencial que

lhe assolara, deleitava-se quieto, muito quieto, solitário sapo, sem imaginar o suplício do futuro a espreitar-lhe.

Seus grandes e vívidos olhos tinham luzes de pirilampos e brilhavam ainda mais, ao entreolhar curiosos garotos a lhe rodear!

De repente: a tragédia! Os meninos lançaram-lhe pesadas pedras e a cada pedra lançada, um salto a mais do pobre sapo, em sua angustiante tentativa de desvencilhar-se da emboscada crucial!

Esforços vãos: não suportando a intensa crueldade, pouco a pouco vai perdendo as forças e desfalece, enfim, numa poça d’água, lançando ainda um último olhar estupefato aos pequenos vândalos,

como a entender e a perdoá-los.

Oh! Pobre sapo! Sua voz não é ouvida, mas o seu silêncio

transmutará em dolente silvo de clamor, que ressoará por longo tempo na consciência dos garotos, fazendo-os repensar em profusão, sobre a tortura que lhe impuseram; e verão ainda, o desabrochar de flores, no lugar do suplício de tão dolorosas pedras.

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 05/11/2008
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