Branco

O alvor das páginas. Um lugar branco vulnerável. Às palavras. Deixa-te habitar pelas margens, fixar as pálpebras abertas no muro de sílabas, nele ondulam as folhas de uma realidade quase exacta na invenção. Por aí, a nudez dos ombros - um tema possível - nos lembra a criação original de versos, seja um desenho como quem com os dedos conjura as linhas de um mundo - que se descreve como próximo destes vidros, outro tema possível.

No decorrer da sombra, a sua sombra cintila pelos olhos, o que tenho de escrever para denunciar as linhas no alvor das páginas,

passando o alvo da imanente claridade entre o interior e o exterior. Enunciasse a memória que instruímos entre as múltiplas possibilidades - já referidas - de aprender os sentidos do dia. Os dias que não voltam e foram existenciais. Agora a viagem se inicia, o tempo vai cindindo o asfalto - escrever é viajar, de facto -, escrever é trazer a luz de tinta azul a este espaço onde fui o que sou numa dedicatória ao futuro dos nomes gravados.