Uma lenda Amazônica
Uma lenda amazônica
27 de abril de 1993 20:30
Adro passou em torno de 18 anos comprando
tudo que era espécie de orquídea e samambaia.
Morando em um quarto tão pequeno, era de se admirar
como podia viver assim. Mas ora, vivia sim!
Certa vez, a amiga Cacilda disse-lhe que o beija-flor
vai morrer dentro da flor.
Curioso, quis olhar em algumas delas e ver o que ali ocorria.
Um bichinho (que ele desconhecia) diz-lhe, zombeteiro:
Cara, tome a rota-do-sol e vá ver o que há
por baixo da esbranquiçada parede do teu quarto!
Que susto!
E ficou no escuro de seu quarto escutando
uma canção numa AM:
‘Eu que tinha tudo, hoje estou mudo, estou mudado,
à meia-noite, à meia-luz, sonhando.
Daria tudo por um modo de esquecer.” Hermes Aquino
Mas de vez em quando, pensamos que já é tarde.
É, sempre é tarde.
Raspa com a unha a tinta plástica da esbranquiçada parede.
Surpresa!
Por baixo da tinta branca há uma tinta rosada!
Rosa! Que corzinha linda!
E a cada casca que cai, ele descobre momentos
da vida da antiga habitante de tal lugar.
Que maravilha!
Passam-se outros 18 anos
e ele nem compra + folhagens.
Sonha com uma princesa que vive em um quarto rosa...
Porque imagina que seja ‘ela’?
É que o desgraçado é um desgraçado de um reacionário!
Um conservador!
Um machista!
Um nojento!
Um qualquer!
Um coitado!
-‘Cor-de-rosa? Coisa de mulher...’
Mas, mesmo assim, sonha...