Jardins

Não posso falar em jardins sem falar Dele,

Jardineiro que nos permite contemplar

seus mais belos Canteiros.

Marisa Monte canta Vilarejo. Eu viajo para meu quintal. Olho meu espaço, cálculo cada centímetro de terra, de pedrinhas e, planejo dentro mim o meu sonho.

Sempre sonhei com um jardim, um jardim onde pudesse plantar a poesia, porque para mim Jardim é essência, uma palavra única que significa amor, beleza, felicidade, leveza, lirismo, magia, anjos, amor e dedicacão. Meu jardim precisa falar da minha alma, dos meus desejos, das minhas saudades, das minhas inquietacãoes.

Claude Monet, realizou seu sonho, não foi poético como o meu, mas foi impressionista, como a sua pintura. Plantou seu jardim, com a sua alma de pintor.

O paraíso que existia dentro dele, foi colocado nas suas telas e, seu jardim falou para o mundo. Quando olho o Jardim de Monet, sinto-me borboleta, pousando de flor em flor, faço canteiros dentro de mim e penetro meu centro, onde está meu paraíso com as portas abertas para as flores. As flores estão nos meus olhos, vejo flores por todos os lados.

No meu jardim as flores são oásis de Deus, ele me permite fartar a alma, em pequenos goles, de toda doçura de Ser.

No meu jardim louvo a Deus, por ver o esplendor da manhã, por sentir os aromas das flores na primavera, por ouvir a begônia sussurrar para ELE uma canção, pelo gramado sob meus pés, e pelo vento grávido de bençãos, carregando no ventre as sementes do viver. Por ouvir a voz da terra, gemendo um lamento por aqueles que não respeitam sua fertilidade. E, Agradeço a vida, a terra do meu quintal.

Meus canteiros são como os filhos, acontecem aos poucos, nos dão alegria, nascem de uma sementinha, tanto o filho, quanto o canteiro, germinam. Não tem sensacão mais bela do que sentir a vida fluir dentro do ventre materno ou no ventre da terra e, Deus novamente manifesta-se dentro de nós, por algum tempo sentimos o milagre da vida tornando-nos Deuses da fertilidade.

...No meu paraíso dou-me ao mais puro deleite de observar meus canteiros, quantos amigos plantei, cada um floriu com com suas qualidades, suas cores e essências. Posso tocá-los, ouví-los no silêncio da minha saudade e, algo arde sem queimar na minha alma... Deus nos fala novamente: “Tire as sandálias dos teus pés, pois é Terra Santa que tu pisas“. Assim plantei meus amigos no canteiro sagrado, cuja única vocacão é florir em amor.

E as cores brotam refletindo nos meus olhos o belo, a beleza da minha infância, a magia do tempo voltando nas rosadas franjas da Dália, no bem-me-quer das margaridas e, eu menina corro pelos canteiros, descobrindo as cores, aquelas que só se enxerga com o coracão...E novamente o Sagrado nos fala: “Nem só de pão viverá o homem“, Vivemos também das coisas belas.

A Natureza brinca com as cores, faz festa, imaginacão sem fim, desfila beleza, esbanja criatividade, eu deixo o sonho repousando no quintal, ainda não é a hora do meu jardim falar como as flores.