Palavras ao vento....

Laboratório de informática, faculdade, fim de semestre, sentada ao lado de desconhecidos, focados em suas telas, vendo relevâncias ou qualquer bobagem, aquela nota, aquele e-mail que não foi respondido... O que será que mais importa?

E é um abre e fecha desta porta, é o coração que espera no acaso entrar o príncipe e sentar ao seu lado, é o olhar curioso que observa de rabo de olho o que o colega do lado está vendo, ou apenas um desejo secreto de ver sem ser visto, ou de todo caos um misto, de medo de desejo de viver. Seria o erro, o mais pecaminoso este, de pensar incessantemente, de buscar incansavelmente respostas, ou apenas observar, com olhos contemplativos e curiosos o que nos cerca, com a mesma magia dos remotos tempos infantis. Até nosso dias senis seremos quem somos, até que as lembranças se borrem em bruma de fim, ou talvez apenas sejamos contemplados pela boa mão da Loucura que nos permita novamente ser crianças, onde a boca morde a calda, onde o fim e o inicio se misturam, e passemos a ser apenas o que somos, finitos viventes no agora, que o tempo vai levando embora, escoando sem a ninguém perdoar...

Acho que esta hora, que nostalgicamente penso nos amores que deixei pra trás, para as amizades que tenho cultivado pouco, os poetas que chamei de loucos, as suas bobagens pequenas que me fazem tanta falta. E os sorrisos cúmplices de épocas cheias de ilusão, de silêncios doces cheios de emoção, de carinhos feitos em momentos comuns, que enchiam a vida de luz, mas parecia sempre ter tanto tempo para viver sempre e sempre as mesmas coisas. E o relógio rodou mais vezes que eu calculara, e os caminhos foram se desencontrando, e a vida pra longe foi levando meus amantes por telepatia, minhas horas de louca empatia, minha vontade de ir além nas almas que me fascinavam. Hoje vejo máscaras e afirmações, onde se coloca um título e diz de ideologias como sendo o que a todos retrata, mas isso apenas retarda a possibilidade de um encontrar! Me cansa adivinhar pensamentos, de quem se nega a permitir que os momentos tenham mais magia que razão. Vai virando apenas um dividir instantes, onde os corpos se distraem, e a vida se esvai, cada um com o pensamento distante, fingindo presentes amantes, lamentando com a alma tudo o que passou, vivendo no outono, fingindo ter o coração ainda dono, de fato que seja então a ilusão.

Entrelace seus dedos nos meus, prenda seus olhos no meu olhar, sem mentiras ou promessas, basta se dispor a dar tudo aquilo que tem! Quando danço, não quero capturar seu desejo, te chamo em sussurros: “Vem!” pois estou aqui sozinha querendo mais que seu calor mas seu ser me tirando da solidão mesmo que por um segundo, pois se me permitir tocar sua alma, juro ir com paciência e muita calma, tocando de leve nas feridas, para descobrir os rumos de sua vida, e ver se é possível continuar. Não te sonho a perfeição, não te condena á saciar minha idealização, apenas quero te desvendar, decifrar a variação de seus humores, e estar junto pra dividir suas dores, sem que seja preciso você pedir. E que não seja tal anto invasivo, apenas necessário e preciso, natural de dois que se dispõe.

Não tenho muitas canções para guardar, mas muitas me trazem lembranças, não tenho memória para citar, mas não há sossego e minha cabeça, e meu corpo baila seguindo melodias de segredos inconfessáveis. Há a dor, há a poesia, há noites sem luar e festas muito vazias. Há no “Nós” um erro, pois não me sinto estralaçada a ponto de me senti nó, amarrada junto a ti, sinto me livre que busca por instantes outro, mas 2 em 1 não, não me permite, não se permites, então limite-se a ser cada dia menos, a ponto de não ser necessário, já que não pode realmente nada me dar...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 25/11/2008
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