Do lado azul

Do que me afeta tenho medo e de não poder concentrar a vida e dizer o que sinto por poros e toques inconstantes de uma tão legítima dormência dos sentidos e da mente.

Sou hoje o que se faz de malícias e pensamentos inerentes à razão de se perder no fluxo avassalador e contínuo de palavras que pintam imagens em meu cérebro danificado pela fumaça serpentina compassada por solos intermináveis de saxofones vadios e perdidos em subúrbios de Londres, na Inglaterra.

Sai da chaminé como que fosse vento preso na vida de brasas e torrões de açúcar. Pois que surge, aparece e canta o vento cafetão, de suas brisas prostitutas e seus frescores travestidos de idéias tão peregrinas.

Sorriam,

dentes de

leões marinhos

e verdades

mentidas

cotidianamente

nas tvs e rádios

de radioatividade

eqüidistante.

Quebra, ventinho, quebra a raiz daquela árvore de arvoredo tão fiel. Piano velho, e casa de ferreiro. Destrói tudo nesta chuva de torrências e lágrimas da solidão mais produtiva e do devaneio mais sensato.

Ó, paradoxo que se anuncia em minhas retinas caducas, no âmago de minha palavra com corredores sem motivos de cair pelas tabernas a beber e comer biscoitos barulhentos!

Sopra, vento. Me leve no tornado, e na verdade de mim mesmo. Transcendamos até quando não soubermos parar de dizer tantas coisas que se ligam em tomadas televisivas; vento e água, água e terra.

Chuva desce

lá do céu.

Brilha estrela

cá no chão.

Meu coração se desfaz

e mudo o tema da visão

Água molha como doce saliva em meu corpo. Água vive e eu desejo no contido espasmo aurático. É porque não se conhece do contato com a terra; na água há belezas nunca dantes pensadas. Há passadas e colírios.

As lágrimas de diferentes cores fecundam o solo infértil e nascem plantas esquisitas; tão cheirosas ervas de poder alucinante. É dessa terra que como e é nela que deito a ejacular conhecimentos nos ovários papeleiros.

Ora, que acontece que se me acaba a tinta da caneta? (É o cansaço)

De pensar, não sei

em que estou.

Unicamente, na clareza de que

sou isso que se lê.

E o que é analfabeto busca no fogo do saber a velhice mais estática do que não se pode versar ou prosear na construção acidental e incendiária dos quatro elementares coordenadores de existir, segundo disse teu demônio mais querido. A quem me dirijo, ou sobre o que discorro é o que está para ser exposto nas galerias de corpos desfigurados e sonhos não mais dormidos.

É porque não procuro a rima. E é claro que é porque ela é falsa!

Salve a ti e vós (voz)...

que

grita...

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 26/11/2008
Reeditado em 27/11/2008
Código do texto: T1304130
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