Desaparecendo ...

Desaparecendo ...

Não tive coragem de queimar as cartas, gastei toda aprisionando na garganta as palavras que insistiam em gritar teu nome ...

O fogo foi expontâneo, talvez uma labareda fugidia da minha alma em chamas ... das cinzas não renasceu a fênix, o vento espargiu-as e me levou junto ..em pedaços...tão ínfimos que jamais podem se reunir ...

Fragmentos apócrifos de um sonho que não se realizou, de uma noite que não amanheceu, de um roteiro que nunca saiu do papel e se destina a virar poeira numa gaveta esquecida de um dos inúmeros armários do destino ...

Seu rosto esmaece na minha retina, seu sangue escorre pelos meus poros e se afasta do meu, da minha vida, da minha sina ...

A vida segue se acostumando com a dor, convivendo com a mágoa, de mãos dadas com a tristeza, às vezes chega a enxergar poesia na desilusão e destila o fel em doloridas canções ...

Eu vou sobreviver, mas a cada segundo tenho menos vontade de viver e já não sei mais o que fazer para te esquecer e me lembra do que já fui um dia, mesmo que só com você ou por você.

Leonardo Andrade