FAZ-SE AMOR
Três vivas, lampejo
Amor no fio do cio... desejo
E o corpo sem inda saber do gozo
Imensidão recostada no verso
Abscesso em forma de violão
A enlamear as cordas rotas da vida
A delegar prazeres à alheia carne
Que força!
Que invade, que me enrijece por dentro, adendo
Na incomensurabilidade da voz, na iminência do despejar
Da alma, das ramas carregadas de suturas e de ódio.
De que me valem os frutos?
Azedume em manhã sorrateira, à beira
Comendo pelas bordas, lagartas de fogo
Rombóides, elípticas, lineares, azuladas
No navegar constante em proa aberta, escancarada
Recebendo o grande aporte no cais, a reverenciar
Eis que há; eis que... não vá!
Ao menos, calce as chinelas felpudas escuras
Eis o lume presente:
Quando queima, faz sarar; quando sente, faz-se amor.