FAZ-SE AMOR

Três vivas, lampejo

Amor no fio do cio... desejo

E o corpo sem inda saber do gozo

Imensidão recostada no verso

Abscesso em forma de violão

A enlamear as cordas rotas da vida

A delegar prazeres à alheia carne

Que força!

Que invade, que me enrijece por dentro, adendo

Na incomensurabilidade da voz, na iminência do despejar

Da alma, das ramas carregadas de suturas e de ódio.

De que me valem os frutos?

Azedume em manhã sorrateira, à beira

Comendo pelas bordas, lagartas de fogo

Rombóides, elípticas, lineares, azuladas

No navegar constante em proa aberta, escancarada

Recebendo o grande aporte no cais, a reverenciar

Eis que há; eis que... não vá!

Ao menos, calce as chinelas felpudas escuras

Eis o lume presente:

Quando queima, faz sarar; quando sente, faz-se amor.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 03/12/2008
Reeditado em 15/12/2008
Código do texto: T1316353
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