Peleja

Por um minuto pensei que o tempo havia parado para contemplar minha inércia. Fiquei estático, perplexo por pensar exatamente isso. Meus olhos desejavam estar cerrados, mas não podiam... sem movimentos. Apenas a mente trabalhava numa dimensão qualquer perdida na equação do espaço-tempo. Havia perdido os sentidos e passei a analisar a realidade que não vejo. Sucumbi ao que é inteligível e tentei ordenar o palpável. Dois entes rivais se digladiavam, tornando oculto o que era cognicível. Os contendores: o conforto e a ambição. Conforto que se afirmava satisfatório; Ambição que se julgava inconseqüente. Mas o confronto não me enchia os olhos, posto que hirtos. Só me restava a mente. Pensei, pensei, pensei... Estava ali não pelas horas, que de fato se passavam, mas pelo desengano, desestímulo, pela exaustão exauriente. Consciente, respirei, movimentei-me. Vi meu relógio avançar. Escolhi, incontinenti, a Ambição, o passo à frente...

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 31/03/2006
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