Estrelinhas sem luz(segunda parte)

Chegaram sorrateiramente e acomodaram-se no colo do Tio que as cingiu num abraço de ternura.

Já não as via há algum tempo e uma lágrima de saudade brotando-lhe dos olhos meigos escorreu-lhe pela barba, quase toda branca, que elas adoravam puxar.

- Vamos suas marotinhas, não me puxem a barba, olhem que eu zango-me!

- Ora Tio, não leves a mal, sabes que é o nosso jeito de te cumprimentarmos e dizermos o quanto gostamos de ti! - disse uma das Estrelinhas, beijando-o.

- Eu sei, eu sei!

- Nós só viemos para te vermos e conversarmos um pouco. - disse a outra Estrelinha, beijando-o também

- Vem para o nosso quarto!

Pegaram nas mãos dele, uma de cada lado, e, sem lhe darem tempo de pronunciar uma resposta que já conheciam, puxaram-no para o quarto.

Os seus olhos eram como estrelinhas irradiando felicidade e aguardava serenamente o que elas lhe queriam dizer.

Uma das estrelinhas começou a contar desde o momento em que tinha nascido a ideia.

Falou, falou e não parava e, de repente, a outra estrelinha disse:

- Agora sou eu!

No fim da narrativa disseram ao tio:

- Precisamos da tua ajuda.

O pensamento do tio voava à medida que ouvia a aventura delas. O sonho voltou a marcar os seus passos….viu braços e abraços a distribuir por todo o lado.

Já tinha adivinhado o que as crianças queriam, mas fez conta que não entendia.

- Afinal o que querem de mim? - perguntou sorridente.

- Queríamos que escrevesses um livrinho com algumas dicas importantes para os pais lerem. Mesmo que muitos pais não leiam, haverá sempre alguém.

- Queríamos deixar em cada casa um livrinho e brinquedos. Há estrelinhas que não têm qualquer brinquedo a não ser o seu amiguinho imaginário.

- Boa ideia! Mãos à obra. Vamos fazer um pacto. Eu escrevo o livrinho e as meninas escolhem os brinquedos que já não querem e os livrinhos.

- Sim!

E com as cabecinhas povoadas de sonhos partiram contentes. Iam contar à vovó o pacto que tinham feito com o tio. Ela daria todo o apoio.

Toda a emoção contida se espraiaria em almas sequiosas de alimento quando recebessem os presentes.

Seriam milhões de estrelinhas sem luz que ansiavam viver em amor e união.

“Chega a mim o riso de crianças que brincam felizes ….

O sorriso de uma criança faz a minha alegria!”

E com estes pensamentos, o homem sonhador começou a escrever o livrinho.

Era uma quimera, talvez um dia, no tempo do devir…

Isa Castro
Enviado por Isa Castro em 14/12/2008
Reeditado em 14/12/2008
Código do texto: T1335232