Felicidade

Agora finalmente sei quem eu sou. Essa imagem refletida no espelho finalmente se parece com esse alguém que vive comigo desde o momento em que vim ao mundo. Aprendi a olhar menos pros outros e mais pra mim mesma. E não é pra criticar, mas porque tenho essa mania de empatizar com os medos e dores alheias. Às vezes eles nem são de verdade. E a felicidade, onde está? Eu desenhei a geografia da minha, plantei meu próprio terreno. Cada um cultiva o seu e não deve colher nada do terreno dos outros. O importante é o que é importante pra mim. E lá vêm os demais estabelecerem a noção de felicidade. Ela vale tanto quanto o local onde me posiciona para olhá-la, ou seja, não estou no centro de tudo. Que bom! Porque preciso ver tudo ao meu redor, compartilhar sorrisos e lágrimas que nem são minhas. E preciso descansar, preciso desse alívio merecido a duras penas. A felicidade deve estar escondida no silêncio. As palavras mentem, mas o silêncio, não. Ele carrega tudo dentro desse vácuo eterno. Eu falo muito, palavras que adoçam, palavras que ferem, mas confesso que acredito naquela máxima "Um olhar vale mais do que mil palavras." Se não acho a felicidade, talvez eu simplesmente não a queira. Talvez eu prefira esse sofrimento auto-infligido, esse sofrimento que adoece o corpo e até mesmo a mente. No lugar da felicidade, coloco este mecanismo de defesa que se confunde comigo, no qual pago eternamente por um erro. Até que ponto a culpa é minha? De quem é o resto da culpa? Há alguma culpa? Ou apenas um aprimoramento das percepções, uma história triste que forçou-me a valorizar pequenas coisas (que são imensas), e um olhar tão dentro, que as pessoas me assistem? Não sei. Não sei se felicidade de verdade existe. Na verdade não sei mais nada. Aliás, de que verdade eu falei???