Menina arredia

Já faz tanto tempo, mas parece que foi ontem. Aquela menina arredia, indo para a escola, cruzando o meu caminho, nossos olhos se encontrando e os meus olhos se rendendo a tamanha beleza.

Aquela menina arredia nos seus treze ou quatorze anos, já trazia no corpo a forma e o esplendor de uma linda mulher.

Seus negros cabelos ondulavam pra lá e pra cá, embalados ao sabor do vento, contrastando com os raios multicores de um sol radiante de uma manhã primaveril, realçando ainda mais a sua beleza de menina e mulher.

Naquela manhã ensolarada, aquela menina arredia, ainda sem perceber, com um simples olhar acabara de provocar em minha vida uma mudança irreversível. Seu olhar foi mais forte, penetrante, cativante, diferente, de certa forma, tão eloquente. Tocou fundo, incendiando o meu frágil coração.

Aquela menina arredia deixara de ser menina, para mostrar todo seu esplendor e a forma de uma bela fêmea, uma bela mulher. Deixara de ser tão arredia, deixara também a boneca, para ter nas mãos outro brinquedo. Brincava agora com o coração, com o meu coração. E ela continuava brincando, mas não era apenas ela, éramos nós, brincando de amor, brincando de amar.

E o amor germinou, regado com muito carinho, afeto, dedicação e alegria. Alegria que contagiava a todos que nos rodeavam. O amor cresceu, deu frutos. E ainda hoje, permanece sólido, irradiando primaveras, florindo nossos caminhos. Caminhos que percorremos juntos, colocando em comum nossas dificuldades, nossos anseios, mas também nossas esperanças. E nesse momento em que completamos vinte e quatro anos de vida a dois, percebo que a beleza e o brilho dos seus olhos continuam aquecendo o coração e fazendo a história deste poeta e seu eterno enamorado.

15/06/98

Wilcaro Pastor
Enviado por Wilcaro Pastor em 07/04/2006
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