Bloqueios
Não posso ser um passado flutuando na virtude de um alguém.
Tenho vida pulsante desabrochando dos poros,
querendo vencer os limites corpóreos!
Sou multidão gritando revoltas tardias
pois todos sabem que amar já saiu de moda...
virou poeira,
lembrança destoada.
Vejo as constantes migrando
e com elas a esperança que ludibriava minha inconstância.
Já sou parcial,
sem cela,
matusquela.
Sou dona do mundo e mesmo assim não sou mais que um broto n'algum portão trancafiado
esperando que o tempo mude,
que a história não se repita
ou simplesmente querendo ser sufocada pela vontade de brotar...
Não posso ser um futuro incerto mutilando as mudanças,
mas não vou me adaptar...
Sou metal torcido
daonde brotam sentimentos enferrujados que não tem mais compreensão!
Sou mania de deixar de ser
e vontade de não acordar...
Pois já sei que não durmi,
não pude sonhar...
Já senti a vergonha causada pelo abraço amável e a esperança de que a dor iria me abandonar.
Saber já não me excita,
me incomoda,
me abduz,
me sufoca...
A ignorância é bem mais fácil quando já não se tem forças para explicar o que se entende!