ESCULPINDO A MULHER
Se me fosse dado o talento de um escultor
Me aprazeria esculpir a figura de uma mulher.
Só que não me contentaria com a simples imagem,
Já que seria necessário alguma coisa a mais.
Nas formas penso até que não seria difícil,
Pois na mente tenho um perfil preferido.
Mas como dar à escultura um pouco de vida
E conseguir reproduzir o brilho de um olhar,
Aquele olhar feminino que penetra e insinua.
Como fazer para criar o suave e delicioso
Perfume característico do corpo da mulher.
De que forma reproduir a incomparável
Maciez que se percebe no toque feminino.
Seria impossível transpor para a escultura
O amor imenso acondicionado em seu coração.
Como traduzir em um simples trabalho de artífice
A vocação inerente e suprema de ser mãe.
Além de tudo, como poder estampar na arte
Aquilo que sintetiza a razão da existência.
Não, não ousaria me dispor a esse mister
Que só a natureza tem bem guardado, a
Sete chaves, o segredo de criar a obra-prima.
E como foi sábia ao conceber a fêmea tão bela,
Tão inteligente, generosa, criativa, meiga, sensível
E capaz de, ardilosamente, submeter o homem
Às suas vontades, dar-lhe o rumo, a coragem,
Sem que ele perceba estar, na mulher, o poder sutil
De completá-lo e conduzi-lo pelos caminhos da vida.