ESCULPINDO A MULHER

Se me fosse dado o talento de um escultor

Me aprazeria esculpir a figura de uma mulher.

Só que não me contentaria com a simples imagem,

Já que seria necessário alguma coisa a mais.

Nas formas penso até que não seria difícil,

Pois na mente tenho um perfil preferido.

Mas como dar à escultura um pouco de vida

E conseguir reproduzir o brilho de um olhar,

Aquele olhar feminino que penetra e insinua.

Como fazer para criar o suave e delicioso

Perfume característico do corpo da mulher.

De que forma reproduir a incomparável

Maciez que se percebe no toque feminino.

Seria impossível transpor para a escultura

O amor imenso acondicionado em seu coração.

Como traduzir em um simples trabalho de artífice

A vocação inerente e suprema de ser mãe.

Além de tudo, como poder estampar na arte

Aquilo que sintetiza a razão da existência.

Não, não ousaria me dispor a esse mister

Que só a natureza tem bem guardado, a

Sete chaves, o segredo de criar a obra-prima.

E como foi sábia ao conceber a fêmea tão bela,

Tão inteligente, generosa, criativa, meiga, sensível

E capaz de, ardilosamente, submeter o homem

Às suas vontades, dar-lhe o rumo, a coragem,

Sem que ele perceba estar, na mulher, o poder sutil

De completá-lo e conduzi-lo pelos caminhos da vida.

Augusto Canabrava
Enviado por Augusto Canabrava em 27/12/2008
Reeditado em 05/01/2009
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