ENTRANDO NA REALIDADE DO ANO NOVO

Numa sensualidade, nascida, pelas mãos

do artesão, conjugando sensibilidade e

refinado oficio, ao toque,

quase imperceptível, de dois copos de cristal,

de encontro aos lábios semi-abertos,

numa degustação antecipada, bebe-se

ventura e saúde, como desejo primeiro,

para que a consumação, desses anseios,

sejam uma realidade, para o novo ano.

Casais saem à rua, para logo, regressarem

a casa, reservando esta noite, só para eles,

e, a libido, toma conta de seus corpos e

fantasias, onde tudo lhes é permitido, e, as

sedas e cetins, afirmam-se, roçando pelas

cortinas, num erotismo, à luz de velas e da

pouca claridade, entrando, pelas janelas abertas,

dando vida ao piano, onde repousa o vinho,

e, as mãos, unificam-se, numa subtil carícia.

Não muito longe, dos chamados, mundos

industrializados, a fé exacerbada, ainda

move, milhares de pessoas, que, ao invés,

de comemorarem mais um ano novo, se

vêem na iminência, de antigos confrontos,

e, as ruas, vestem-se de vermelho sangue,

derramado por uma bala assassina, não

importando, se mulher, velho ou criança,

que, por acaso, festejava, emotiva mutação.

Porém esta é uma realidade, em espaços e

países diferentes. Mas ainda assim, no meio

deste caos (não tão longe de nós), em certas

casas, enchendo-se de coragem, pessoas,

retirando das paredes, quadros de familiares,

prestam-lhes uma última homenagem,

no decorrer do ano velho, e, renovados

tributos, ao som da meia-noite, que os sinos

assinalam, anunciando a hora da ceia.

Jorge Humberto

05/01/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 06/01/2009
Código do texto: T1370823
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