ESTA É A VIDA – SORRISO DE MULHER

Tudo na vida é cascata

Molhando as dunas e também as boléias.

De veste branda, bordada; com jeito cínico...

Esta é a vida.

Esvai-se na ida; irá às voltas do paraíso donde brota a ode.

Imensa, circunspeta... ligeira; muito ligeira!

Há de se ter imunidade, há de se adquiri-la, de perquiri-la até o amanhã

A cair em vasto canto, descomunal manto a nos impelir... à vida.

Casta e santa rara vida de azedumes e de naus arfando

Como tais acordes mágicos duma sonata de Beethoven.

És!

Tudo, és vida, és a imagem em falência, a carta de alforria

O embate dos cegos contra as altíssimas amoreiras, sob as funestas horas.

És banhada de sangue, tem o afeto tardio, o repouso distante, a terra em pousio

Sabe das alamedas, dos vórtices, dos terremotos.

Não se lhe agregam espadaúdas inertes que apertam o jeito mole do peito

O jeito prásino – armadilhas em fogo – à caça certa.

Tu és

Espelho onde se imagina, donde invaginam glória estapafúrdias de imensa aurora

- quando se duvidou da tarde –

Não há mais a proferir, insípida amiga; há de se ter virtude

Há de saber sorrir com excelência, com a urgência dum cio

Com a dignidade rasgando entre os caninos sôfregos de incesto.

Perante tu, vida

Somos amiúde rasteira que se esguelha nos pascigos e nas azinhagas

Que se embebeda do vinho ébrio de força.

Só não haverá de ser ingênua, nem tão pura

Pois a pureza já foi colhida, em plenitude, pelo sorriso duma mulher.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 12/01/2009
Reeditado em 21/01/2009
Código do texto: T1381118
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