ESTA É A VIDA – SORRISO DE MULHER
Tudo na vida é cascata
Molhando as dunas e também as boléias.
De veste branda, bordada; com jeito cínico...
Esta é a vida.
Esvai-se na ida; irá às voltas do paraíso donde brota a ode.
Imensa, circunspeta... ligeira; muito ligeira!
Há de se ter imunidade, há de se adquiri-la, de perquiri-la até o amanhã
A cair em vasto canto, descomunal manto a nos impelir... à vida.
Casta e santa rara vida de azedumes e de naus arfando
Como tais acordes mágicos duma sonata de Beethoven.
És!
Tudo, és vida, és a imagem em falência, a carta de alforria
O embate dos cegos contra as altíssimas amoreiras, sob as funestas horas.
És banhada de sangue, tem o afeto tardio, o repouso distante, a terra em pousio
Sabe das alamedas, dos vórtices, dos terremotos.
Não se lhe agregam espadaúdas inertes que apertam o jeito mole do peito
O jeito prásino – armadilhas em fogo – à caça certa.
Tu és
Espelho onde se imagina, donde invaginam glória estapafúrdias de imensa aurora
- quando se duvidou da tarde –
Não há mais a proferir, insípida amiga; há de se ter virtude
Há de saber sorrir com excelência, com a urgência dum cio
Com a dignidade rasgando entre os caninos sôfregos de incesto.
Perante tu, vida
Somos amiúde rasteira que se esguelha nos pascigos e nas azinhagas
Que se embebeda do vinho ébrio de força.
Só não haverá de ser ingênua, nem tão pura
Pois a pureza já foi colhida, em plenitude, pelo sorriso duma mulher.