O mal em mim

Como é intenso esse suspiro, esse ser com ter, esse ser ou não ser, esta solidão com espasmos de excitação, momentos de embriaguês sentimental, tão comuns e tão desiguais em mim que mantém pulsando o meu pulmão.

Meu coração já não bate, jaz em seus medos, medo do escuro, medo de você não gostar de mim.

Busco incessantemente a cura deste vício, desse querer sempre, dessa falta do que ainda não tive, dessa minha vontade louca de varrer o mundo.

Sou a soma dos meus temores, sou orgulho disfarçado em uma falsa timidez, a sede de mim mesmo. Quero o averso das coisas, a mesmice que faz dos outros tão iguais, quero algo que me faça um pouco menos eu e um pouco mais você.

Bem e mal, amor e ódio, claro e escuro; Tudo em mim se confunde. Tenho no estômago uma ardença e na boca o gosto amargo do teu beijo.

Fui sempre eu... Sozinho, racional, senhor de minhas vontades e no controle de minhas emoções, mas agora...

Sinto-me pássaro fora do ninho, e, se abro as cortinas da alma, vejo na tua face pálida a cura do mal em mim.