CAMINHO DOS VENTOS
Abro minhas asas
Em busca do impossível
Lanço-me em vôos kami-cases
Em vôos rasantes
Que excita em mim
O exercício do perigo.
Sou a exatidão
De todos os meus tropeços
E a extensão infinita
De meus desejos
Sou mais que ave de rapina
Que voa baixo
E lança suas garras
Que esfomeada sujeita sua presa
Às suas unhas afiadas
Sou então a fome necessária
A sede absoluta de vida
A extremidade unilateral
Sou o bem e o mal
O pecado leviano
A água cristalina
E o sangue encarnado.
Sou o parto intenso
Do ato de respirar
O prazer ao contrário
O anjo e o diabo
De minhas de minhas interrogações
O caminho imperfeito
E a perfeição devassada
Abro minhas asas
Lanço-me despenhadeiro abaixo
Numa queda livre,
Me permito um prazer discreto,
O toque suave do vento,
O voar sem rumos
Na direção do próprio instinto.
Instintivamente me reconheço
Vejo minha essência apurada
Aventureira, viajo por dentro de mim,
Visito meu ego,
Como um pássaro cuidadoso
Construo um ninho aconchegante
Em minha alma.
Sou então o meu próprio eu
Meu espírito iluminado
Meu caminho escolhido
Meu inicio e meu final.