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Lápis de Sombra
 
O último poeta
não tem satisfação a dar.
Escreve em transe de festa.
Sem ser Midas quer tocar
apenas a poesia,
para dela se compadecer.
Sua gravata borboleta,
a luz do lampião,
ou a janela sagrada,
o cercam de hera e de luz.
Faz cada verso
como se fosse o último. E é.
Navega poças, oceanos, cabarés.
Atravessa calçadas, continentes, paredes.
Saca do baú esqueletos
de rimas claras
ou de escuridão.
Alça vôo escarlate e chumbo
até alcançar o sentimento.
Escreve para o poeta que o lê,
porque é o poeta
que encontra o mundo,
o tempo,
olhares poéticos
que lêem a si e a poesia.
Namora a morte.
Sai do livro
para seguir a vida
e, ao partir,
anjos tocam-lhe harpas.
Não descobre mistérios,
que não os da poesia.
Vê lápis de sombra
pintando olhos de céu.
Pretendeu ser filósofo,
mas formou-se boêmio.
Ele, os gatos e a lua.


meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 27/01/2009
Reeditado em 01/03/2010
Código do texto: T1406651
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