Sem nome

Como Drummond bem disse divertir-se com o próprio sofrimento, também eu, faço dele meu escudo e contento: escudo contra o ócio que espanta os devaneios. Contendo e alegria aos meus íntimos recreios. Por isso, digo que sofrer é participar de ínfima festa. Sofrer é até amar, e o amor faz orquestra. Se bem que alguém disse que amar não é sofrer. Pois bem, que desperdício! Onde está aí o viver? Se não se sofre não se vive. Se não se vive não se existe. Se não se existe não se pensa. Se não se pensa não se ama. Então, para quê não se sofrer? Sofrer em brasa e chama? Pois prefiro dizer que sofro, logo existo, e assim permaneço a viver. Logo por isso, continuo e persisto, não há como não sofrer.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 28/01/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1410075