REENCONTRO
Há tempos não a encontrava.
Impotente me tornei.
Por qual motivo eu não sei.
Só não me sentia capaz de tê-la novamente.
Sentimento estranho,
De perda e ao mesmo tempo de alívio.
Falsamente feliz estava por não mais ter que me render
a ela.
Mesmo assim senti falta,
De admirá-la ao final,
De experimentar sempre o novo através dela,
De reconhecer-me e descobrir-me por ela,
Igual ela.
Sempre foi minha amante inquieta,
Uma das mais trapaceiras.
Por tanto tempo a mantive em segredo,
Até que decidi esquecê-la.
Esforço em vão,
Pois este tipo de amor não cura,
Amor que é amor sempre dura,
Dura tanto que o sentir é viver em loucura.
Atraída e escravizada por ela sempre estive.
A negação faz parte do processo,
Mas a redenção é o fim mais certo.
Ela,
A inspiração me rodeia,
Me aleija,
Enfraquece,
Entristece,
Pois o final nem sempre é o esperado.
A escrita que surge dela é denúncia,
É grito de alma que se faz nua,
É puro sentimento de um ser dúbio,
Que alimenta anseios,
No entanto limitando-se no dia-a-dia,
Contrariando-se,
Agredindo-se,
Flagelando-se;
Mas se faz em sentimento que jaz,
Em letras, pontos e tinta.
Versos que vida traz,
Como água se faz,
Regando ainda mais a inspiração que jamais se desfaz,
Pois ela sim é constante verdade que resiste a
qualquer vaidade,
De uma escrita que sempre roga por mais e mais ...
Nina Silva
02/08/2006