"Amor e Roma"

Perco-me em sonhos incompletos, que por mim mesmo nunca existiram, ao invés de reescrevê-los em versos tristes, prefiro suportá-los suavemente, inseguro de mim mesmo, reforçando o fato de nunca tê-los compreendidos. Então me diz você, o que os tornaram tão concretos em minha existência; persistência; resistência a tudo aquilo que sempre quis suportar... Controlar sentimentos é mais que um simples desejo. Me procuro, não me acho, me perco em você, que nunca mais esteve presente em meu presente... Só passado agora; e espero o futuro, incerto porém desejado, assim como você (foi e sempre será). Como gostaria de poder compartilhar este sentimento com você, como gostaria que sentisse o que sinto, mas as minhas palavras se perdem em minha garganta, se perdem em meio os pensamentos amorosos que tento recitar, mesmo que em pensamento. Minhas palavras se perdem em sua procura, em sua direção (tão longe as vezes que chega a ser perturbador), assim como perco me também, e você apenas se distancia suavemente em sua plenitude...

Mas me diz você então como não me perder nesses seus olhos extremos de ondas fáceis e fortes, que me atingem desprevenidamente enquanto estou deitado em sua praia de ilusões, dedicando meus momentos a pensar em você, e me levam o mais longe que podem desejar, mar à dentro, dentro de seu mar de incertezas. Como não me perder na textura fina e sedosa de seus cabelos, que mesmo em sua singela dança, me presenteiam com sutileza e aconchego até meu estado mais puro de serenidade áurea. Me diz também como não me perder em seus beijos longos, que me acalmam e ao mesmo tempo me guiam até um estado único de desordem e euforia. Que me levam ao lugar mais longínquo desse planeta, mesmo que em segundos e me faz entender porque a saudade é um sentimento imparcial, e me faz ter a pretensão de que eu poderia me abrigar e me embriagar em algum refúgio junto a uma praia e assim bloquear todos esses sentimentos indesejáveis que arbitram minha existência... Impossível!

Queria que descobrisse a beleza de apenas um olhar calado e em vão, entre muitos outros e outras palavras simples, simples como te imaginar em meus sonhos, e quando fecho meus olhos você está lá sorrindo e eu estou feliz também, mas mesmo nesse momento "temo que um dia cesse esse fluxo constante de águas ardentes que nos envolve, não somente nossos corpos, mas também nossas almas” *.

Nesse momento eu queria realmente estar caminhando por campos verdes floridos com a felicidade que sempre desejei, sair sem rumo certo em um dia chuvoso, apenas por impulso incerto e incontrolável e acabar caminhando em um campo de grama verde e bem curta onde apenas algumas árvores nativas habitam em extrema e perfeita harmonia onde eu seria o intruso, o vilão e o pecador tentando redimir-se de seus pecados e tentando purificar a alma que ainda lhe resta, e apenas ajoelhar e pedir pra cair e depois deitar em sentimentos limpos e esperar a chuva fina cair sobre seu corpo e nem por um segundo sequer pensar, relembrar e reter essa aflição nesse santuário do amor em Roma.

Sair para caminhar em um dia ensolarado e com muitas nuvens no céu e agora com um rumo certo: voltar àquele santuário da paz agradecer pela primeira vez, e dessa vez não se deitar e sim procurar a sombra mais esplendida e aconchegante da árvore mais bela para se sentar e apenas observar o movimento sutil, engraçado e simples das nuvens, que parecem dançar a melodia frágil dos ventos, a melodia que todos nós poderíamos ouvir se prestássemos atenção no que realmente é importante. E torcer para que elas formem figuras agradáveis e complementem esse momento que já me parece perfeito.

Andrey Teixeira 01:13 18/4/2006.

*=Trecho de um poema de uma amiga, Jessica "Jel". Muito obrigado por essa frase.