Meia onda, meia areia...

Se a cada letra que cá deixo,

É um grão que se torna areia,

Rente a praia, vida, de noite, lua cheia,

Seria para as ondas que me queixo?

Desatinadas, vão e tornam, num baloiço

Me beijam, me molham e oiço

O ventar da saudade que se dá,

Por sobre as ondas que tornam ao mar.

A merce do teu desejo, ondas displicentes

Cá fico, pois tornam, instigadas pela saudade

Sempre tornam, correndo, gritando, maldade!

Dizendo aquilo que olvido, já não sentes.

Não me enganam as ondas, mas molham,

Em lágrimas, o ser sobeja a alma,

E vivo o crespúsculo, se amarram, soltam

Molham a falta, desencanta e me falta a calma.

Assi vão, mas voltam, brincam, beijam.

Lá se vai mais uma noite, a lua cheia

Assiste, contempla e grita: Vejam!

És meia, meia onda, meia areia,

Sempre meia, nunca inteira.

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 07/02/2009
Código do texto: T1427506