Se eu fosse o vento...

Se eu fosse o vento... Alisaria as dobras de sua pele, sem pressa, por baixo da blusa e da saia; assanharia seus cabelos, murmurando com alegria juras e promessas de amor eterno, fazendo-a ciente de nosso idílio em paz e harmonia sem-fim.

Se eu fosse o vento... Diria ao seu ouvido, com sopro tépido, o quanto lhe quero bem; olhando sem ser visto, beijaria seus olhos, lábios e colo alvo com a ternura e paixão que me convém.

Se eu fosse o vento... Levaria para longe a saudade de seu encanto,

de sua dor, do amor que partiu sem dizer se voltará. Sopraria seus cabelos sedosos e enxugaria seu pranto, alisando sua face, beijando-a, sem me fazer notar.

Oh! Se eu fosse o vento... Quebraria suas vidraças

para anunciar minha presença, faria estardalhaço,

cantando uma canção, alegrando-a com graças,

fazendo-a sorrir... Sem questão seria seu palhaço!

Se eu fosse o vento... Tentaria fazer-lhe esquecer a dor com o sopro morno do bálsamo que lhe daria e pela glória alcançada por nossa fé no sublime amor, faria enaltecer as bonanças e ocaso dessa magia.

Se eu fosse o vento... Também seria imortal e não sentiria 

medo, pois teria imensurável felicidade e imenso poder!

Se eu fosse o vento... Beijaria seu corpo inteiro e em mar de rosas você mais queria carinhos apenas sonhados. Ah! Se eu fosse o vento... A extrema-unção desses beijos tampouco lhe deixaria morrer.