Vamos dizer assim...

Vamos dizer que bate dentro de mim -descompassado- o meu coração, e que eu perco a noção do perigo, perco todos os amigos e me valho de alguma pequena lembrança que ainda persiste em sobreviver na memória, quase escória, que de nada me adiantou, atrasando a minha vida. Vamos dizer que me jogo no vazio completo das palavras, tentando expressar o inexprimível; o grande , o fabuloso, aquilo que me consome, me tritura e me bota em total amargura, não me levando à nada, não me levando à ninguém e, mais do que isso, não me preenchendo nem com o ar que respiro. Vamos dizer que eu expiro, junto com as minhas letras abafadas, o pouco ar que me restou, mas que me deixa vivo... Será? Vamos dizer que observo, que rio disso tudo, que não estou nem aí; mas que pauto a minha busca naquilo que possa haver, dentro de mim, que seja permanente. Naquilo que reconhecerei a qualquer momento, em qualquer lugar, em qualquer situação, dizendo: Sou eu!

Aimberê Engel Macedo
Enviado por Aimberê Engel Macedo em 11/02/2009
Reeditado em 11/02/2009
Código do texto: T1433528
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