AMAR SOZINHO

Amar sozinho é andar sempre à margem das coisas, na sombra dos risos alheios, colhendo aqui e ali indiferenças, sem nunca enxergar os olhos de quem se ama porque estão sempre em outros olhos e os meus de águas tão acostumados, velam-se.

Amar sozinho é estar nu entre espinhos e se entregar a sonhos angustiantes pela ausência, antes pesadelos de que não se acorda nunca e que fazem das noites, vazios insones cheios de desejos inúteis.

Amar sozinho é deixar de ser.

Amar sozinho, um trapezista, a se lançar em abismos sem nenhuma esperança de qualquer braço a aparar meu destino e nele tecer redes de amor.

Saramar
Enviado por Saramar em 22/04/2006
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