Galáxia.

Uma humilde homenagem a todos que me receberam de uma forma tão inesperada e agradável. Amo todos vocês.

"Os dedos não se contêm ao ver as teclas, resquícios pálidos das horas de inspiração. Insistem no movimento repetitivo e, ao mesmo tempo, inédito de tatear a solidão. Deslizam freneticamente pelos meandros rijos deste piano inaudível. Tecem constelações de palavras ordenadas, intermináveis, indefinidas, mas palpáveis. Os dedos brincam com as estrelas, consoantes luminosas e vogais supernovas milimetricamente desarranjadas no espaço da composição. A escuridão dos sentimentos compõe o cenário lúdico. Os dedos, enfim, tocam as frestas da ilusão e a tela se abre como uma janela debruçada sobre a fronte de um casarão. Vejo o mar e a dança das copas dos coqueiros ao sabor da brisa matinal. O olor do Egeu se me apodera e meus dedos teclam um violão. A aurora se repete. Como dedos incansáveis, descreve com seus raios os olhares de contemplação. A janela é a tela; o céu, o porão. Sinto os dedos dos pés por entre as ondas, na areia, digitando monólogos efêmeros, vorazes e translúcidos. É bom estar na Terra. Viver no espaço é lúgubre...contento-me ao chão." (Sérgio Santos)

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 23/04/2006
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