A Mulher Simples

Eu gosto da mulher simples

Que vai à feira e trás nos braços

O cheiro do coentro e da hortelã

Mulheres que plantam flores

Para perfumar a casa

E embelezar a rua

Eu gosto destas mulheres

Que tem gôsto de terra e mato

E que amamentam a cria

Com o milagre das mamas

É que estas mulheres singelas

Carregam uns olhos cheios de poesia

E mãos delicadas de acariciar

A carambola e o pessegueiro

E o ôvo que sai quentinho da galinha

Depois vem beijar os meus cabelos

Quando estou menino

Aquela que advinha o chá de poejo

No choro da criança

Sabe o mistério da rabanada

E do doce de cidra

Ainda guarda o segredo

Do mingau de araruta

Guardiã das cantigas de roda

Benzedeira, costureira

É ela que me faz olhar uma varanda

E pensar plenamente:

Aquí é um lar!