Saudades

Sinto saudades de alguém

Que nunca conheci.

Não me recordo o tempo,

Ou as passagens da memória

Que corriam meu cérebro,

Sei que era precioso cada momento

E uma minúcia

(Talvez a não entrega de uma rosa)

Seria muito para que as coisas não se consolidassem.

O passado, agora, subverte-se

Num projeto não existente.

E as minhas lembranças, bem,

Elas vivem como se não tivessem sido

(Que isso represente a existência)

E não passam, agora, de meros

Focos pequenos de luz

Creio que agora sonho;

Logo depois, venho acordado em mim.

E não vejo nada.

Que não há nada a se ver;

Exceto o dia, a entardecer.

Pelo peso musical,

Os grilos da noite

Cantam e entoam

A canção da cassação de memórias.