Enchente de desejos incontidos

Enchente de desejos incontidos

090705 – 19:44

Os caranguejos mordiam

suas roupas, sua tristeza e

sua ilusão.

MANA

Do alto do morro,

eu via as águas todas que, as

pessoas todas, afogara tivera.

E eu só.

Apenas meu olhar perdido.

mas, nem um barco sobrou.

Nem mesmo, um pequenino e miserável,

para que eu pudesse ir ao restaurante,

ou, ao menos, ao banheiro.

E a música que escutando estava,

era apenas um distante sino de igreja

-que um provável fantasma badalava feliz.

E obrigado, diz-me uma pétala,

pelas águas cruéis passando.

Digo: ‘Niente’, Senhorita do norte.

Nada.....nada é o que sobra quando

pensamos no que aqui fazemos.

Nada é o que as águas levam sempre

-mesmo que lixo nela, jogado seja.

Nada, é o que sobrou-me aqui,

no alto do morro do fim do mundo.

Nada é o que espero, então.

Virá.....quem sabe...talvez....

César Piscis
Enviado por César Piscis em 04/03/2009
Código do texto: T1468061
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