BOVEHUMAN

Você deve estar se perguntando: “que será que ela quis dizer com isso, agora? É. Escritores são mesmos malucos!”.

Mas é tudo tão simples e lógico. Ao criar a palavra bovehuman, apenas aproveitei alguns termos conhecidos e o utilizei no tão conhecido mundo virtual. Trata-se, tão somente de uma abreviatura para: Bolsa de Valores de Humanos!

Está começando a entender, ou o deixei mais confuso ainda? Bem, vou me fazer entender.

Tenho visto a Internet não como uma rede que liga o mundo em segundos a todo e qualquer conhecimento que possamos adquirir, mas como um modo mais acomodado de relacionamentos pessoais. Para a maioria dos seus usuários, ela passou a ser não uma ferramenta de pesquisas intelectuais, mas sim uma busca frenética pela mercadoria “sexo” na procura de um prazer tão descartável, como os sentimentos atuais, pelo menos da forma com que são tratados.

Existem, nesse mundo virtual vários tipos e estilos de sociedades corretoras, muitas delas com o recurso de imagem e som e variados pregões (as salas dos chats) onde você pode escolher o “perfil” da ação a ser negociada nesse mercado de ações.

Existem até os diretores dos pregões em alguns chats, chamados de @, que organizam os operadores que anunciam de viva voz as suas ofertas, delimitando o tempo para a negociação de cada titulo. Fica assim lançada a oferta aos demais usuários, que entrarão em negociações fechadas (aquele papo privado entre as partes). Esgotado o tempo de cada operador, o mesmo título poderá ser transacionado no final, obedecendo a uma fila de interesses, em uma nova rodada de ofertas ou no dia seguinte. Você identificou ai o “call system”?

Esses chats realizam negócios durante todo o período do pregão e permite efetuar grandes volumes de negócios (Um Trading Post?).

Assim como numa bolsa de valores, existem vários processos de negociações: comuns, direta, por leilão, por oferta...

Os homens geralmente procuram as ações à vista, ou seja, aquelas onde se conhece o lote no instante do pregão, tem um prazo imediato de realização e com um preço estabelecido, geralmente de um não envolvimento emocional, comumente chamado de “uma transa e nada mais”.

As mulheres preferem as “operações a futuro”, na doce ilusão de que deixarão de ser uma simples transa, para serem o amor derradeiro. Mas geralmente o máximo que conseguem é uma negociação a termo, com um prazo entre 30 e 180 dias de relação.

Qual mulher não encontrou aquele grande negociador de commodities? É sempre um corretor charmoso, galanteador, romântico, o chamado: www.tudibom.com.

Discreto, não quer colocar o relacionamento a olhos vistos, para não ser alvo de fofocas, maldades. Não quer expor a mulher amada!

Ele não passa de um Day Trade, é a própria mercadoria vendida a várias mulheres incautas... numa mesma sessão do pregão, na mesma bolsa... que se julgam únicas, amadas!

Mas assim como no real mercado de ações, esses commodities-mens, apesar de serem fascinantes, são especulações que requerem amplo domínio do mercado.

Mas eles podem ser ludibriados e colocados numa câmara de compensação, para se obter deles uma alta liquidez. Claro que para tanto a mulher tem que ter um certo domínio desse mercado, ou seja, ser tão profissional quanto ele! E quantos já não caíram nas mãos de mulheres assim, apesar de jamais o admitir!

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É nesse momento que ele se torna um position trader, ou seja, ele dá um tempo nas suas conquistas rápidas e investe uma posição por um período maior: dias, semanas ou meses.

Nesse clube de investimentos que passaram a ser os chats, todos somos tratados como ações de fundos mútuos. A volatilidade da ação é talvez o alto preço que todos pagam para entrar nesse jogo, onde os ganhadores e perdedores continuam se confundindo.

Esqueceu-se o fundamental: apesar de sermos animais a procura de prazeres, temos alguns componentes que não podem ser deixados de lado: o amor, o sentimento, a busca pela felicidade, que se traduz em compartilharmos emoções.

Eterna busca, que faz de nós humanos, mas que hoje está completamente conturbada pela facilidade de comunicação da internet.

Quem sabe um dia, cresçamos tanto quanto este fantástico mundo virtual e aprendamos a usar melhor as ferramentas de um mundo que está numa velocidade maior que a nossa própria compreensão.

Santo André, 19.05.05 – 15:06 h