Inconsciente 1

No jardim do futuro, como se a relva entrasse pelo mar e os navios ancorassem na lâmpada dos olhos. Ficava naquela orla estático, debruando os espelhos da noite no horizonte. E as imagens agitavam os arbustos num vento breve quando o brilho da madrugada nos lembra a palidez do mundo. Podia ser assim. Abertas as janelas ou a vida neste lugar onde é inevitável partir pelas primeiras horas da névoa. Haveria outras palavras para dizer às hélices do ar, essas margens sob a imanência da solidão, talvez a álea longínqua de árvores que nunca veremos. Haveria nomes impossíveis cerzidos na memória. Um diálogo inacabado na linha dos lábios. Podia ser assim. Mas. Num jardim do futuro, diremos esta noite ao som das aves.