Pega o Ladrão!

Foi assim, um sequestro relâmpago, daqueles que a gente nem tem a chance de gritar. De repente me vi sem teu riso, sem tua graça, sem teu carinho; de repente me vi sem ti, sem teu afago, sem teu calor, sem teu chamego... E eu que era só dengo, de repente me vi só remendos.

Foi assim... sem quê nem pra quê...vc me roubou o juízo, me levou a paz e me deixou com o coração em perigo! Desnudou minh'alma e me jogou no deserto da vida. E eu alí... voz muda, grito sufocado, tentando dizer frases guardadas para o ensáio geral da felicidade que aos poucos se esvaía e corria de mim. 

Em plena selvageria urbana, um grito ecôou distante e solitário. Era meu peito que chorava a tua perda e cantava o desamor. Um grito de pavor, feito o de uma loba em noite de luar, uivando pelo desalento ou pelo descontentamento. Foi assim, abraçada à solidão que subitamente, fui roubada de ti.

E você... possuído pela síndrome medo de amar, permitiu que eu fosse, me deixou partir, escorregar por entre os dedos. Passivamente deixou que te levassem o riso que iluminava a face, o brilho que banhava os olhos, o calor que esquentava o sangue e te fazia sentir  o pulsar da vida. E como um pacato cidadão, deixou que te roubassem a emoção, que te tomassem o alimento do coração... assim, pacatamente, sem luta ou reação... E nem ao menos, teve forças pra gritar: "Ei, alguém aí... Pega o Ladrão"!!!