A porta

Bateu alguém em minha porta.

E eu tive medo de abrir.

Tive medo que fosse a tristeza que viesse cobrir-me com seu negro véu de angústia e sofrimento.

Bateu pela segunda vez.

Mas não abri.

Imaginei que fosse a traição, que cravaria seu punhal cego em meu peito.

Novamente bateu.

Já havia decidido a não abrir.

Mas ouvi uma voz, como que divina, que dizia: "- Não lutes contra tua vontade, abre!"

Então abri.

E fez-se no meu peito um brilho intenso, senti uma vontade imensa de viver, tudo transformou-se em luz; já não havia motivo para pranto, nem ódio, nem dor: tudo era luz.

E as flores se abriram e os pássaros começaram a cantar; comecei a notar que eu não estava só, que havia a natureza, que havia vida, que havia mais alguém comigo.

E a pessoa que entrara disse: "- Sou a felicidade!"

E ela era você.