Um homem absolutamente dispensável

Um homem absolutamente dispensável

11.09.95

É nisso que nos tornamos

no nosso pobre dia-a-dia.

Ao levantar-mos,

já nos dói o pé, ou os rins,

ou um braço, ou um miolo,

ou uma traquéia ou aquilo com que

nos deparamos dentro do crânio.

Murchos, mesmo sendo primavera,

seguimos pelos paralelepípedos

todos da estrada periférica.

Chegamos, claro. Sempre chegamos.

Mas um dia, o animal esgota-se,

nem que seja de cansaço.

Esgota-se e não sabe a quem culpar,

a quem recorrer.

Esgotados estamos, mesmo sem o saber.

César Piscis
Enviado por César Piscis em 13/03/2009
Código do texto: T1483910
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