Um homem absolutamente dispensável
Um homem absolutamente dispensável
11.09.95
É nisso que nos tornamos
no nosso pobre dia-a-dia.
Ao levantar-mos,
já nos dói o pé, ou os rins,
ou um braço, ou um miolo,
ou uma traquéia ou aquilo com que
nos deparamos dentro do crânio.
Murchos, mesmo sendo primavera,
seguimos pelos paralelepípedos
todos da estrada periférica.
Chegamos, claro. Sempre chegamos.
Mas um dia, o animal esgota-se,
nem que seja de cansaço.
Esgota-se e não sabe a quem culpar,
a quem recorrer.
Esgotados estamos, mesmo sem o saber.