A história de um amor platônico, verdadeiro. E estranho.

Eu vou contar uma história. A história de um amor platônico, verdadeiro. E estranho. Ela era uma garota, apenas. Ele era muito mais. Ele era branco, pálido como açúcar e era doce. Ou parecia ser. Ela também era, mas ele tinha o olhar fundo e bonito. E o olhar deles se encontraram algumas vezes, poucas. E quando isso aconteceu, o mundo girou rápido dentro dela e depois parou, simplesmente porque ele sorriu. Aconteceu também o toque, um beijo até e o sussurrar de algumas palavras, que não tiveram resposta e ficaram soltas no ar. Soando como eco na cabeça dela, às vezes quando ficava vazia e ela achava que não havia nada mais agradável pra se pensar do que ele. E o olhar dele. Bom, e ele? Bem, ele não pensava nela com muita freqüência não. Mal a conhecia. Ela sim o conhecia bem, ou achava que conhecia. As coisas que ela não sabia sobre ele, ela apenas não tinha certeza, mas imaginava. E engraçado: ela não criava muitas expectativas boas a seu respeito. Ela definitivamente não criava esperanças falsas, fantasias, mágica. Só às vezes. O que ela costumava pensar sobre ele era como ele era de verdade, pelo menos na imaginação dela. Mas era fácil pensar coisas cotidianas sobre ele. Coisas de um homem finito, real. Porque afinal de contas ela tinha lá aquela sua experiência com alguém que julgava ser muito parecido com ele. E como as coisas pareciam ser parecidas! Os sentimentos, os acontecimentos. E ela ligava as histórias, os fatos (e toda a imaginação dela sobre tudo isso) sem nem conhecê-los muito bem. Isso às vezes até fazia bem a ela. Porque ela relacionava a vida dela com a dele, de alguma forma. E correspondia poemas, músicas e cartas que podiam, perfeitamente, terem sido escritas por ela. Bom, essa história não tem um final feliz. Simplesmente porque ela ainda, felizmente, não teve um fim. Ela continua... E tem apenas um desfecho breve e sutil. Porque essa história que começou em um dos dias frios do mês de julho do ano de 1999, não poderia acabar assim de repente e sem sentido em um raro dia quente do mês de outubro do ano de 2005.

Rúbia Mussi
Enviado por Rúbia Mussi em 04/05/2006
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