Marília
Marília
12/06/90
I
Explodiu uma estrela no céu.
Uma rosa no vaso chora pelo seu amorzinho
num vaso em outro lugar.
Você tem cabelo comprido?
Eu gosto disso. Gosto muito.
Teu cabelo é curto... gosto de ti. Muito.
Com orgulho eu sento na cadeira.
Faço uma perguntinha que não pode sobreviver:
- Se o fogo me consome, que será feito do que deixo?
Interessa, pois sou eu quem fica-se.
Tem um relógio dizendo que um dia fui o criminoso solitário.
Eu tinha o coração diluído dentro de um copo.
Pesados e distantes remorsos.
Regato que nunca vi.
Estrela que jamais caiu.
Minhas mãozinhas estão em chamas, e é gelado meu coração!
Estou tossindo pedrinhas.
Há na parede um relógio que mente em compasso.
E para toda essa febre, distribuo panfletos, que chamam
de vem em quando veneno, e dali a pouco, remédio.
Ou qualquer coisa...
II
Então olha bem um dia par ao teu céu.
Haverás que tirar dele, não + do que uma pequena mentira.
Queres uma filhinha? Importante que lhe dês um nome.
Olha então para as pessoas.
São tigres as vezes, depois, baratas.
Agora, nesse momento, apenas agora odeio a todos.
Que te sobra? Violetas envasadas?
Mas então rosas podem amar violetas?
Porque então repentinamente tudo se torna nebuloso?
Pega um pedaço de pau, quebra a vidraça e
Liberta a tua amada.
Traz ela pra beirinha do rio.
Insinue, faça-a ver que podes afoga-la, mas que da mesma forma,
Podes ter-lhe tanto amor para desmaia-la de alegria.
Enxergas alguma diferença?
Não, não é mesmo? Tu és pequenino.
A tua poesia é só um pequeno desabafo.
Se há janelas nela, tu não sabes.
Vives um pedacinho de vida,
um resto de sonho...