O Espelho-Fronteira

Enquanto o sol escondia-se no horizonte marcas de passos se estendiam em linha reta na areia fria da praia. O vento soprava frio e intenso trazendo nuvens de um prata escuro que escureciam a atmosfera ao à medida que se amontoavam no teto do mundo.

A figura solitária de um jovem rapaz podia ser vista. O garoto caminhava e observava com olhar apático as ondas escuras do oceano desfazerem suas formas ao arrastarem-se teimosas sobre a areia úmida. O tempo esfriava rapidamente, um trovão rugiu nos céus chamando a atenção do rapaz vagante. Ele ergueu o rosto lentamente e por alguns segundos admirou o céu. Uma singela gota gelada de água caiu sobre seu nariz. Ele sorriu e dirigiu seu olhar em direção ao horizonte novamente, foi quando ele viu o Espelho.

Uma estrutura vítrea, de formato próximo ao de um quadrado. Tinha quase três metros de altura e um pouco menos que isso na largura. O garoto o observava, todos os seus sentidos estavam mergulhados em observar aquele Espelho. Sons e vibrações curiosas pareciam brotar do pedaço de vidro que se matinha em pé sem nenhuma estrutura de apoio. Um olhar atento fez o jovem perceber que o espelho era antigo e por mais curioso que parecesse, nada se refletia em sua superfície dando ao Espelho uma aparência metálica. Aproximando-se em alguns passos, o jovem sentia uma força advinda do grande objeto ressoar com as batidas do seu coração e estas se aceleraram. O jovem se posicionou à frente do Espelho e ele pôde sentir que algo dentro daquela estrutura o atraía. Ele se concentrou em fitar o Espelho que nada refletia. Podia praticamente ouvir uma voz vinda dali. Ele tocou o espelho e um calor formigante percorreu sua mão. Seus olhos cintilavam, ele percebeu que um buraco de fechadura dourado havia surgido de repente no centro do Espelho. Em sua mão ele percebeu uma chave grande de cobre recoberta por uma camada de ouro. Do outro lado daquele espelho, podia sentir agora o garoto, havia a realidade e os significados que ele buscava, e a chave para alcançar tudo aquilo estava exatamente na palma da sua mão.

Ele não hesitou.

O Bardo Pesaroso
Enviado por O Bardo Pesaroso em 26/03/2009
Código do texto: T1507789
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