Ingenuidade

Ingenuidade

Vanderli Granatto

Ingênua, temerosa, indecisa, precavida ao extremo.

Reprimida, não desfiz o laço da timidez.

Perdi pela ingenuidade, oportunidades de ser feliz.

Fechada, sem luz no caminho,

caminhei pelo ambiente, em torno do mesmo eixo.

Calada, não exigi nada da vida.

Para mim, um círculo fechado, pequenino

onde voltas e voltas

se tornaram quilômetros, pelo tempo.

Sem o campo aberto a percorrer,

não expandi anseios, não realizei sonhos.

Tudo estava fora do alcance.

Uma fraca luz penetrava,

adentrava pela janela da mente,

mas não se expandia.

Passei a observar mais atenta, o mundo lá fora.

Vi gente cantar, se embalar, sorrir no próprio sonho.

O mundo andava, eu parada.

Não enxergava saída,

nem abertura para entrar na própria vida.

Navegava no mar de incertezas,

em busca de algo distante.

Queria voar, mas tinha as asas cortadas.

Atada, a tristeza veio fazer morada em meu coração.

Para superar as próprias carências,

batalhei com afinco para outros progredirem.

Por dentro um vazio ao extremo,

sem me expandir...

A ingenuidade canto, suprimi o querer.

Agora este, já não é nada.

Contidamente o contenho.

Numa cantiga a Deus, entrego meu viver,

pois neste sopro de vida, nesta santa ingenuidade,

apenas aprendi a amar, sem nada exigir.

Não ultrapassei fronteiras, não venci a barreira da timidez.

Fechada, me atraco com o silêncio,

em busca do nada.

Apenas o pensamento sobrevoa pela estrada...

O grito continua contido...

Eu calada...

Vanderli

31/01/2009

Botucatu/SP