Recordação
 
 
 
A madrugada começa a formar outra tonalidade, anunciando um novo amanhecer. Tomado pela insônia, sento à beira da cama e fico pensando em você, aquela menina fagueira que tanto me encantou. O amor parecia fluir pelos nossos poros, de tão intenso.
 
Lembro bem os nossos passeios, às vezes aos sítios de amigos, outras vezes às cachoeiras. Conversávamos, corríamos, brincávamos como dois adolescentes, despreocupadamente. Recordo ainda as festinhas entre amigos e familiares, os barzinhos, as pescarias, essa que você sempre gostou.
 
Essas lembranças tão agradáveis passam velozmente pela minha cabeça e se perdem na vastidão do pensamento. Deixam uma sensação de vazio que corrói o peito e a alma.
 
Busco uma realidade mais palpável. E ela está tão próxima. Ao meu lado você dorme indiferente aos meus pensamentos. Seu corpo coberto apenas por uma pequenina veste, insinuante, convidativa. . . Toco sua pele suavemente, você se estremece, um forte arrepio percorre suas curvas, aguçando em mim um desejo implícito.
 
Num leve movimento tomo-a nos braços, enrosco-me em seu corpo, quente, aconchegante, cheirando a menina moça. Você se contorce apropriando-se dos meus insanos desejos, mas. . . Diz: “Estou tão cansada!”.