Terna manhã de abril


Qual mãe ciosa que imprime toda a sua ternura à voz ao embalar os seus filhos, chegaste para nos despertar. A calçada molhada pelo chuvisco noturno mais parecia um espelho embaçado que se nega a refletir as imagens que dele se aproximam.O mistério e a magia da vida que se mostra no gorjeio das aves escondidas sob as folhagens;os morros que nos circundam envoltos em tênue neblina qual se fossem bolos cobertos com uma fina camada de glacê prateado;o cheiro do café que evola no ar vindo de todas as direções; o latido do cão solitário de vagueia nas ruas derubando latas em busca de alimento; o trabalho inteligente e responsável das formiguinhas transportando pedaços de folhas e  sobras de alimento,  cujo tamanho é,talvez,o dobro do seu;tudo isto me coloca em um estado de nostalgia no qual sinto e quase toco a nobre essência da vida. Mergulhada nas minhas recordações sinto a carícia do vento que chega mansamente e me envolve.Vem cantando o seu canto milenar, acaricia com ternura o meu rosto enquanto sussurra aos meus ouvidos algumas palavras que sei significarem um recado mas não consigo decifrá-lo.Ansiosa por desvendar tal mistério olho-o nas suas pupilas, toco-o com firmeza e pergunto:..."o que me queres falar"? Fala! Ele,sorri para mim com a mesma fragilidade de sempre ao tempo em que abre a porta de entrada e sai deixando atrás de si um rastro perfumado de flores outonais e em mim a eterna dúvida:..."irmão vento,o que me queres falar"?Por favor , fala!


bjs,soninha