Minha noite, louca e descontorcida

A noite tardia, as vozes caladas, os ventos fracos, a lua morta, à noite me aguarda, silenciosamente, o barulho do televisor ligado, uma noite vazia, de amores e temores, de dores, a vida enfim. Nos textos tento transparecer tudo, mas nem tudo pode transparecer como tudo transparece, pode transparecer mais do que devia ser, nos textos, minha vida, meu sangue, tudo pode acontecer, se você sonhar de olhos abertos, na noite a padecer, o vinho do lado, copo vazio, eu beijo-lhe na borda sugando o resto que sobrou, fumando cigarros, vendo a nuvem passar, pela janela vejo muro, branco no escuro, gatos a passar, corujas desvairadas a piar, malditas sejam elas que me quebram singelo silêncio. A sala desarrumada, Livros preciosos ao chão, momento de solidão, minhas energias paradas, meus olhares errados, minhas lembranças muito falhas, meus amores inexistentes, impossível viver contente, com um coração carente, o que fazer para ter um prazer efêmero eterno como fuma cigarros sem ter que morrer. Juro que comida aqui falta, bebidas não, fumos aqui são eternos, na dor de cabeça, e a na alucinação, minhas paredes são meles, meu corpo caído ao chão, pela loucura da minha mente, durmo em cima de palavras, livros, bebidas e solidão, sou eu morto, vivo, decadente, e escritor carente, acordo poeta embriagado de si mesmo.