ADEUS ALICIA

ADEUS ALÍCIA.

Por: William Vicente Borges

Existem vários motivos para não amar uma pessoa e apenas um para amá-la. E Carlos tinha todos os motivos para te amar. E Saber amar é compreender e perdoar. Agora quando dizer adeus é o que resta, venho aqui em nome dele Alicia. Ele não teve coragem de trazer as flores, então também as trouxe por ele, junto com as minhas. As lágrimas não permitiram que ele dirigisse. Está em casa agora, na casa que você desenhou e ele construiu para vocês dois. Não é fácil para mim também estar aqui. Você sabe que por mais que tu fosses amada por ele, o meu amor por você foi sempre muito maior. Tão grande ao ponto de aceitar que você o amasse mais que a mim.

Eu sei que você sempre me quis por perto como amigo. Eu fiquei, queria sempre estar perto. cada sorriso seu, também me fazia sorrir meu amor. Isto era o que importava.

Quando você me olhava e dizia que estava feliz, isto me bastava. Mas são dele as maiores recordações e os melhores momentos. Era ele quem via o teu olhar iluminado pelo sol todas as manhãs. Era Ele quem a buscava no trabalho todos os dias e a embalava com aquelas músicas que nós três sempre gostamos mas que só você e ele ouviam em seus momentos mais íntimos.

Voce sabe que tentei ser feliz, que tentei amar de novo, que tentei não pensar que te perdi para o cara mais legal do mundo. mas não deu. Tem coisas na vida da gente que simplesmente não conseguimos vencer, mesmo com muita determinação.

Sabe Alícia está chuvendo, daquelas chuvas finas que caem sempre por aqui, lembro-me das tantas vezes que corremos desta chuva e nos abrigámos no coreto, e começavamos a cantar e a rir, sempre nós três. Sim há momentos bons que são só nossos, por que eu sei que ele sempre pensou que o primeiro beijo foi ele quem deu. Mas não foi, fui eu. E você nunca contou e nem tão pouco eu. ele também nunca soube que quem te buscou naquele baile em Ibitirama, fui eu também, ele pensou que você veio com Maria Eliza. Ninguém me viu chegar com você, havia bebido e você não era acostumada. Nossa que sufoco. Eu nunca contei nada pra ninguém. Maria Eliza sempre te levando para o mal caminho. Quando ela foi para Vitória morar com Júlio, ficamos de ir visitá-los mas nunca foi possível. ela veio aqui e chorou muito ao teu lado.

Todos choraram.

Eu nunca fui tão ingênuo quanto Carlos, mas sempre admirei aquele ar inocente dele, você sempre me disse que o olhar dele era um olhar de menino, e nisto você sempre teve razão, sabia que nunca te traiu? Nem quando namoravam, E olha que confesso que até tentei jogar ele pra cima da Sônia, ela tinha a maior queda por ele, e quem resistiria a ela, desculpe tá, mas sabe como é, eu te amava e tinha que tentar algo. Mas ele falou comigo para eu ficar com ela. Só Carlos mesmo. Se tinha que existir um cara para quem eu perdesse você tinha que ter sido ele mesmo. Ainda bem que foi.

Estou aqui garimpando estas lembranças, por que foi tudo o que me restou; estava pensado e vou me mudar não quero mais morar aqui. Não quero mais passar na frente de sua casa, vou ficar mais um ou dois meses para dar uma força a Carlos, mas não vou aguentar olhar para todos estes lugares em que andamos, em que fomos felizes, em que eu te vi crescer, se tornar a bela mulher que se tornou. Não vai dar pra mim. Achou que vou para Vila Velha, Alberto está lá, e sempre me chamou para trabalhar com ele na empresa, nunca fui, não queria deixar você. Está doendo muito dentro de mim. Muito mesmo.

Escaniei aquela carta que você me mandou antes de decidir morar com Carlos. Fique tranquila, ele nunca vai saber dela. mas mesmo se soubesse ele sempre teve a certeza que você o amava demais e que eu era apenas o que eu sempre fui, um ombro para chorar e outro para riir. Escaniei, porque eu trouxe a que escreveu neste papel que o tempo amarelou tem uma frase aqui que queria ler para você. Deixa eu ajeitar o guarda-chuva, espera... Pronto, é esta frase: "...não é fácil escolher entre um amigo que é um grande amor e um grande amor que é um amigo, mas se tive que escolher fui afortunada pois sei que seria feliz com ambos, escolho Carlos, sabendo que nunca perderei você, pois o seu amor vai além de corpos suados numa cama. Eu não te mereço. Seja feliz meu amigo eterno".

Nunca falamos disso, nunca precisamos, agora te respondo: Vou continuar tentando ser feliz, acho que serei, mas mesmo que encontre alguém para estar ao lado, você sempre será o meu amor eterno.

Adeus Alícia, minhas lágrimas acompanham a chuva fina.

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Outono de 2009

WILLIAM VICENTE BORGES
Enviado por WILLIAM VICENTE BORGES em 09/04/2009
Código do texto: T1530974